Começamos a ouvir falar mais de restituir à figura do guarda-rios a importância que já teve, função entretanto suprimida formalmente nos anos 1990. O município de Famalicão, por exemplo, vai constituir uma equipa de quatro funcionários municipais com essa tarefa, com vista à fiscalização de todas as linhas de água existentes no concelho de modo a assegurar que as margens permaneçam limpas. Pondo assim a descoberto fontes de poluição, permitirão denunciá-las, bem como erradicar as espécies invasoras de plantas. Sobretudo evidenciando as ligações ilegais que frequentemente se fazem, tornando rios e ribeiros em esgotos.
Se os quatro elementos se revelarem insuficientes, a equipa será reforçada, segundo o vereador do ambiente. Quanto ao SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR), de acordo com o autarca, não é eficaz devido ao excesso de trabalho que já tem.
Falta no entanto, a nível legislativo e na estrutura da administração pública, criar, ou recriar, a carreira de guarda-rios. A iniciativa casuística de alguns municípios, sendo de louvar, não substitui a existência, por recriação legal, da carreira de guarda-rios na administração pública.
Estará o desinteresse dos poderes públicos, centrais ou locais, pela vigilância e defesa dos valores ecológicos a ser substituído finalmente pela clarividência? Há muitos indícios em contrário, infelizmente. É sempre um gosto deparar, no entanto, com exceções como esta à «normalidade».
Agradeço a José Luís Araújo, grande amigo dos rios e ativista a favor deles, ter-me permitido em conversa esclarecer alguns pontos desta questão.
Fonte: Jornal de Notícias, de 27 de janeiro de 2024
https://www.jn.pt/4176427186/famalicao-vai-ter-guarda-rios-a-monitorizar-as-linhas-de-agua/